ANTICRISTO – QUEM É E QUANDO VIRÁ

 O TERMO ANTICRISTO

Termo próprio da literatura apocalíptica. Ele é o opositor do Reino de Deus e, portanto, como rival de Jesus Cristo, aparece como falso profeta e tirano. A palavra “anticristo” deriva de dois termos gregos: christos, significando “Cristo” ou “Ungido”, e anti, significando “contra”, nesta combinação, ou seja, aquele que é contra Cristo.

A PALAVRA ANTICRISTO NA BÍBLIA SAGRADA
A primeira referência profética ao Anticristo é provavelmente a de Gênesis 3.15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente...”. Cristo é o descendente da mulher, o Anticristo é a descendência de Satanás ou diabo, cujo nome significa “caluniador”, que fala contra Cristo e os remidos em seu sangue.

O nome “anticristo” é encontrado apenas nas epístolas de João (1 Jo 2.18,22; 4.3; 2 Jo 7), onde ele é descrito como alguém que virá no final dos tempos, mas que o seu espírito já está no mundo. O espírito do anticristo será personificado na besta descrita em Apocalipse 13.1; 11.7.

QUEM SÃO OS ANTICRISTOS?
São os oponentes da obra de Deus, que profanam o templo e se dizem deus: “Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.3-4).

São os falsos mestres com suas falsas doutrinas, conforme nos fala o apóstolo João: “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1Jo 2.18-19).

O Anticristo não deve ser confundido com os anticristos que no passado já existiram e ainda hoje existem em grande número (1 Jo 2.18), pois todo opositor de Cristo é um anticristo e sua sutileza sempre foi de utilizar o nome de Cristo em prol de sua causa (2 Pe 2.1-2; Mt 24.24).

O ESPÍRITO DO ANTICRISTO
O espírito do Anticristo possuiu muitos inimigos de Deus através dos tempos, tais como “o rei da Babilônia”, um tipo de Satanás: “Então proferirás este provérbio contra o rei de Babilônia, e dirás: Como já cessou o opressor, como já cessou a cidade dourada! Já quebrantou o SENHOR o bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores. Aquele que feria aos povos com furor, com golpes incessantes, e que com ira dominava sobre as nações agora é perseguido, sem que alguém o possa impedir” (Is 14.4-6). Mas, durante os séculos, muitos reis anticristãos e homens malignos poderosos foram identificados como anticristo, em toda a história, tais como: Nero, Napoleão, Mussolini, Hitler, Stalin, e outros em épocas mais recentes. Alguns desses foram, sem dúvida, motivados pelo espírito do Anticristo, mas este ainda não veio. Mas, o espírito dele continuará possuindo qualquer um que se entregue ao domínio de Satanás, usando seu poder contra o povo de Deus.

O QUE RETÉM O ANTICRISTO
Ele pode até já estar em algum ponto do globo terrestre, porém não será revelado até que haja o arrebatamento da Igreja, sendo, então inútil tentar identificá-lo no momento. Portanto o próximo evento que aguardamos é a vinda do Senhor Jesus nos ares e o imediato arrebatamento da Igreja (1 Ts 4.16-17). Com a saída da Igreja da terra, que terá findado o seu tempo no propósito de Deus, que era anunciar o evangelho a todas as nações, haverá em consequência a retirada do Espírito Santo, que era quem retinha o Anticristo (2 Ts 2.7-8). Esse entendimento sobre a retirada do Espírito Santo da terra, tem causado muita polêmica, já que sendo o Espírito Santo onipresente, pode estar presente em todos os lugares. Mas, entendemos que esta retirada esteja se referindo ao seu modo de agir, ou seja, o Espírito Santo não agirá contra o pecado como age no período da Igreja.

O SURGIMENTO DO ANTICRISTO
Logo após o arrebatamento da Igreja, em meio a turbulência e a perplexidade causada pelo desaparecimento do povo de Deus, surgirá o Anticristo. Haverá soluções para grandes problemas e conflitos sociais da humanidade, haverá uma paz aparente e prosperidade (Ap 6), o problema da fome será temporariamente contornado e estabelecido o controle econômico de cada indivíduo (Ap 13.16,17). Todas as pessoas serão controladas, tudo estará sob o seu domínio, ninguém poderá comprar ou vender sem que ele saiba. Tomará o lugar de Deus no coração da humanidade, e espera ser adorado por todos (AP 13.3-8).

O GOVERNO DO ANTICRISTO
Durante a tribulação, o mundo será governado pelo Anticristo, mas a atuação será da trindade satânica: o dragão (Satanás), a primeira besta de dez chifres (Anticristo) e o falso profeta (a segunda besta, de dois chifres). O Anticristo vai controlar a política, a economia e evidentemente as religiões no mundo todo (Ap 13.14-17; 17.3,12-17).

No começo de sua administração ele fará uma aliança com o povo de Israel (Dn 9.27), e permitirá a reconstrução do templo de Jerusalém. Este pacto fará com que as maiores religiões do mundo se congreguem num grande movimento ecumênico pelo qual muitos já anseiam e daí será estabelecida a religião universal, que é a grande prostituta, a “Babilônia” (Ap 17.1-6), que depois será desolada e queimada no fogo pela primeira besta (Ap 17.16), sendo essa mulher “a grande meretriz” (Ap 17.1), que é a grande cidade que governa os reis da terra. Alguns pensam em duas Babilônias, sendo uma os cristãos apóstatas e a outra o império confederado do Anticristo. O Anticristo terá sua sede religiosa na cidade de Jerusalém e sua sede política na cidade de Roma. O Anticristo receberá então, o poder das mãos do próprio Satanás (Ap 13.4).

O FIM DO ANTICRISTO
A besta que é o Anticristo reúne as nações sujeitas a ela para guerrear contra o Cordeiro na batalha do Armagedom, onde será completamente derrotado e lançado, junto com o falso profeta, dentro do lago de fogo (Ap 16.16; 17.14).

Essa batalha final é narrada em Apocalipse 19.19-21: “E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército. E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes”.

ALGUNS TÍTULOS DO ANTICRISTO
1-    A Besta – Ap 13.1-4, 12-18; 16.2; 17.8; 19.19; 20.4-10.
2-    O Homem da iniquidade – 2 Ts 2.3.
3-    Filho da perdição – 2 Ts 2.3.
4-    O iníquo – 2 Ts 2.8.

RESUMO DAS OBRAS DO ANTICRISTO
1-    Ele aparecerá em cena como um defensor da paz, que tolera a religião (Dn 9.27; 1Ts 5.3).
2-    Fará aliança com os judeus (Dn 9.24-27).
3-    Depois de três anos e meio, durante a Tribulação, ele porá de lado qualquer suposta tolerância, quebrará sua aliança com os judeus, e começará a perseguir Israel (Ap 13.7-8).
4-    Uma de suas cabeças receberá um golpe mortal, sendo depois milagrosamente curada, provocando admiração e adoração em todo o mundo (Ap 13.3-4).
5-    Sendo ele o homem do pecado, o iníquo, blasfemará contra Deus, exigindo depois adoração de todos os homens sob pena de morte (Ap 13.6-8,15).
6-    Surge o falso profeta, que exerce poder e milagres para enganar, faz com que os homens adorem a besta. Cria uma imagem da besta à qual dá vida e obriga todos os homens a receberem um sinal ou número da besta a fim de poderem comprar e vender (Ap 13.11.18).
7-    Durante a Tribulação, a besta apoia a grande prostituta, que representa a religião apóstata; mas finalmente a besta, juntamente com os dez reis que dominam juntamente com ela, destroem a mulher vestida de púrpura e escarlata (Ap 17).

(A Mulher é chamada de “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (Ap 17.18). A cidade está situada sobre “sete montes” (Ap 17.9). Os eruditos se dividem quanto a cidade ser Roma ou Babilônia).


J. DIAS
Editor do Site
      DA CRIAÇÃO DO MUNDO AO NASCIMENTO DE JESUS

A história do Novo Testamento começou muito tempo antes do nascimento de Jesus. Em realidade, só podemos entender bem muitos dos incidentes narrados no Novo Testamento quando conhecemos esta longa história. 

Ela começa com a criação do mundo – incluindo Adão e Eva. Havendo eles pecado e desobedecido à ordem de Deus, deteriorou-se o meio ambiente perfeito em que foram criados. E assim tem início a história da redenção humana, operada por Deus - que culminou na vida, morte e ressurreição de Jesus.

A história continua com Deus chamando a Abraão por volta do ano 2000 aC. Deus chamou Abraão para deixar o lar, dirigir-se a uma nova terra, e tornar-se o pai de “uma grande nação” (Gn 12.2-3) – Israel.
Num período de tempo relativamente curto, os descendentes de Abraão acharam-se no Egito. Logo o número desses descendentes tornou-se uma ameaça ao faraó, e ele ordenou que fossem escravizados.
Foi nessa época que Moisés recebeu o chamado para tirar Israel da escravidão do Egito e conduzi-lo à terra Prometida, Canaã. Em seguida ao êxodo do Egito (cerca de 1450 a.C.) Israel recebeu a Lei – as leis e as instituições sociais que a nova nação devia observar, incluindo os Dez Mandamentos. Recusando-se os temerosos israelitas a entrar na Terra Prometida conforme Deus ordenara o Senhor os condenou a peregrinar no deserto, ao sul de Canaã, por mais de 40 anos.
Josué, sucessor de Moisés, foi quem introduziu Israel na Terra Prometida. Esta conquista se fez com violência (o livro de Josué conta a história). Após a morte de Josué, “... cada uma fazia o que achava mais reto” (Jz 21.25), e foi necessário que Deus suscitasse juízes. Eles chamaram o povo ao arrependimento e derrotaram os opressores de Israel (o livro de Juízes narra à história).

Saul foi o primeiro rei de Israel. Davi, seu sucessor, escolheu Jerusalém como capital, fazendo-a ao mesmo tempo o centro político e espiritual da nação. Salomão o sucedeu; este consolidou o reino recebido de seu pai e construiu o grande templo de Jerusalém. Conhecido por sua sabedoria foi também um dirigente insensato; seu amor ao luxo, às mulheres bonitas e às alianças políticas, tiveram efeito desastroso para a nação.

Após a morte de Salomão seguiu-se uma guerra civil sangrenta, e a nação dividiu-se em Israel ao norte e Judá ao Sul. Elas caíram na idolatria e no pecado, e Deus suscitou profetas – homens que declaravam a vontade do Senhor ao seu povo – para chamá-los ao arrependimento. Ambas as nações ignoraram as advertências dos profetas, e finalmente os inimigos destruíram ambas (Israel foi destruída pela Assíria em 723 a.C., e Judá pela Babilônia em 586 a.C. Os seus dirigentes foram tomados cativos e enviados ao exílio).

Mais tarde, muitos descendentes dos exilados regressaram à Palestina. Um grupo retornou em 538 a.C. e reconstruiu o templo; outro voltou em 444 a.C. e reconstruiu os muros de Jerusalém sob a liderança de Esdras e Neemias. Israel voltou à velha prática do pecado e da indiferença; e com o término do Período do Antigo Testamento, ouvimos a voz do profeta Malaquias condenando os caminhos pecaminosos do povo.

Período Intertestamentário
Os 400 anos decorridos desde a profecia de Malaquias até à vinda de Cristo são conhecidos como Período Intertestamentário. Os livros de Macabeus, que descrevem a revolta macabéia e o caos na Palestina, e os escritos de Josefo, historiador do primeiro século da era cristã, são as principais fontes de informação sobre esse período.

O livro de Daniel deu uma visão prévia desses anos. Através dos olhos da profecia, Daniel esboçou os principais acontecimentos políticos dessa época. Daniel viveu durante a ascensão da Babilônia como potência mundial. Ele viu o reino desaparecer e ser substituído pelo governo medo-persa. Em sua visão profética Daniel viu, portanto, a ascensão de outras grandes forças que dominariam o período intermediário dos Testamentos: Alexandre, os Ptolomeus do Egito, os Selêucidas da Síria, os Macabeus e os Romanos.

O Último Período Persa (até 331 a.C.) - O Antigo Testamento encerra-se com o Império Persa ainda no poder. Ciro havia permitido aos judeus voltar à terra para reconstruir o templo (538 a.C.). Ester, judia, havia ascendido à proeminência no palácio do rei persa (470 a.C.). Esdras (456 a.C.) e Neemias (443 a.C.) haviam voltado ao país e instituído reformas.

Nada aconteceu na Palestina de muito interesse internacional no restante do governo persa. O sumo sacerdote judeu governava o país e o ofício passou a ser altamente cobiçado. Ocorreram diversas disputas infames pelo posto. Numa ocasião um sumo sacerdote matou o irmão quando este buscava o posto para si. O governador persa ficou tão estarrecido por este ato que impôs uma pesada multa sobre a população.

O Período de Alexandre Magno (335-323 a.C.). - Ao governo persa seguiu-se a ascensão de Alexandre o Grande ao poder sobre um vasto império, incluindo a Palestina. Filipe da Macedônia, seu pai, havia estendido o governo sobre toda a Grécia e se preparava para uma grande guerra com a Pérsia, quando foi assassinado. Sucedeu-o seu filho Alexandre então com apenas 20 anos de idade, e dentro de pouco tempo acabou com o poder da Pérsia.

Em 335 a.C. Alexandre deu início a seu memorável reinado de doze anos. Depois de consolidar o governo em sua terra natal, ele rumou para o leste conquistando a Síria, a Palestina, o Egito e, finalmente, a própria Pérsia. Ele buscou conquistar terras mais ao leste, porém suas tropas se recusaram a fazê-lo. Morreu na Babilônia em 323 a.C. Em seus trinta e três anos de vida ele deixou um marco indelével na história.

A Era dos Ptolomeus (323-204 a.C.). - Ninguém sucedeu a Alexandre o Grande. Finalmente, quatro de seus generais dividiram o império. Dois deles, Ptolomeu e Seleuco I, envolver-se-iam no governo da Palestina.

Depois de algumas lutas entre esses generais, o Egito caiu nas mãos de Ptolomeu Sóter. A Palestina também foi acrescentada ao seu quinhão. No início ele foi duro com os judeus. Mais tarde ele os empregou em várias partes de seu reino, muitas vezes em altos postos.
Seu sucessor, Ptolomeu Filadelfo, foi um dos mais eminentes deles. Amável para com os judeus promoveu as artes e desenvolveu o império em todos os aspectos. As Escrituras Hebraicas foram traduzidas para o grego durante o seu reinado na cidade egípcia de Alexandria. A Septuaginta, como se denominou essa versão, podia ser lida, em todo o império.
Com o passar do tempo, cresceram as rivalidades entre os reis do Egito (Ptolomeus) e os reis da Síria (Selêucidas). A rivalidade atingiu o clímax nos reinados de Ptolomeu Filópater (222-204 a.C.) e de Antíoco, da Síria (223-187 a.C.). Filópater venceu a Antíoco numa batalha nas proximidades de Gaza. Em sua volta da batalha, Filópater visitou Jerusalém e decidiu entrar no Santo dos Santos no Templo. Embora o sumo sacerdote tentasse dissuadi-lo, ele fez a tentativa. Relata Josefo que ao aproximar-se do Santo Lugar, foi tomado de tal terror que saiu do Templo.
Visto que os judeus lhe faziam oposição, Filópater retirou-lhes os privilégios, multou-os, e começou a persegui-los. Capturando em Alexandria todos os judeus que pôde, trancafiou-nos num hipódromo cheio de elefantes embriagados. Esperava que os elefantes caíssem sobre os judeus, esmagando-os. Não foi o que aconteceu. Enfurecidos, os elefantes escaparam, matando muitos dos espectadores. Filópater interpretou isso como um sinal de Deus a favor dos judeus e parou de persegui-los. Ao morrer, em 204 a.C., sucedeu-o seu filho Ptolomeu Epifânio, com apenas cinco anos de idade. Antíoco, da Síria, aproveitou a oportunidade para arrebatar do Egito o controle da Palestina.

O Período Sírio (204-166 a.C.) Os egípcios enviaram uma embaixada a Roma pedindo-lhe ajuda contra Antíoco. Acedendo ao pedido, Roma mandou um exército, que a principio não obteve êxito. Finalmente, porém, eles obrigaram Antíoco a evacuar toda a região ao ocidente e ao norte das montanhas do Taurus. Numa incursão ao oriente para financiar a guerra, Antíoco foi morto pelos habitantes da província de Elimais enquanto saqueava um templo de Júpiter.

O reinado de seu sucessor Seleuco Filópater não apresentou nenhum fato de relevo. Mas com a ascensão de Antíoco Epifânio (“a manifestação de Deus”), teve início uma das mais sombrias épocas da história judaica.

Onias exercia o sacerdócio em Jerusalém quando Epifânio começou a reinar. Visto que os gregos desejavam helenizar os judeus, Epifânio vendeu o cargo de sumo sacerdote ao irmão de Onias, por trezentos e sessenta talentos. Onias fugiu da cidade. O usurpador mudou de nome; de Jesus passou a chamar-se Jasão, colaborando dessa maneira com Antíoco em seu esforço de impor a cultura e religião grega aos judeus. Os velhos costumes hebreus e suas práticas religiosas foram desestimulados; judeus foram enviados a Tiro a fim de tomar parte nos jogos em homenagem ao deus pagão Hércules, e em seu altar eram oferecidos sacrifícios. Finalmente, Menelau, outro irmão, fez oferta maior que a de Jasão pelo sacerdócio e intensificou o ataque ao judaísmo.

Com a ida de Antíoco Epifânio ao Egito para sufocar o levante, correu o boato de que ele fora morto e os judeus começaram a celebrar o fato com grande alegria. Sabedor disso, ele voltou a Jerusalém, sitiou e tomou a cidade, e massacrou quarenta mil judeus. Para mostrar seu desprezo pela religião judaica, entrou no Santo dos Santos, sacrificou uma porca sobre o altar, e espargiu o sangue sobre o edifício. Por sua ordem o templo passou a ser templo do Zeus Olímpio; proibiram-se culto e os sacrifícios judaicos que foram substituídos pelos ritos pagãos. Proibiu-se a circuncisão, e a mera posse de uma cópia da Lei se tornou ofensa punível com a morte.

Os judeus resistiram. Um homem chamado Eleazar, idoso escriba de elevada posição, foi morto porque se recusou a comer carne de porco. Um após outro, a mãe e seus sete filhos tiveram a língua cortada, os dedos das mãos e dos pés amputados, e lançados num tacho fervente. Um grupo de resistentes, em número aproximado de mil pessoas, foi atacado no sábado. Recusando-se a quebrar as proibições sabáticas, foram mortos sem luta.

Uma família de classe sacerdotal, chamada asmoneus, resistiu vigorosamente aos éditos. Quando os emissários da Síria tentaram fazer cumprir os decretos de Epifânio, Matatias, pai da família chamada macabeus, recusou-se a adorar os deuses pagãos. Havendo-se apresentado outro cidadão para oferecer sacrifício no altar aos deuses pagãos. Matatias matou-o então ele conduziu um bando à região desértica onde Davi havia, por tantos anos, fugiu de Saul.

Aos poucos cresceu o número dos que se puseram ao lado dos macabeus. Os Sírios laçaram três campanhas contra esses fiéis judeus, uma pelo próprio Antíoco Epifânio; mas nenhuma teve êxito. Algum tempo depois morreu Epifânio e irrompeu a guerra civil. Judas Macabeu, que sucedera a seu pai Matatias, estendeu seu controle sobre grande parte da palestina, incluindo partes de Jerusalém. Três anos após o dia de sua profanação, o templo foi purificado e os sírios estabeleceram a paz com os judeus.

A Era Macabéia (166-37 a.C.) - Judas Macabeu não gozou de paz por muito tempo, e sem mais delongas apelou para os romanos, pedindo assistência contra a Síria. Judas morreu em combate antes de chegar ajuda seu irmão Jônatas tomou-lhe o lugar. Por causa da fraqueza da Síria, Jônatas tornou-se o comandante da Judéia. Ao morrer foi sucedido por outro irmão, Simão, que também apelou para Roma em busca de socorro. Os romanos fizeram Simão governador da Judéia, e seu trono passou a ser hereditário.

Por esse tempo os partidos dos fariseus e dos saduceus eram rivais. Simão teve como sucessor seu filho João Hircano, que primeiro se filiou a uma e depois a outra das seitas oponentes. Não demorou o estouro da guerra civil quando seus dois netos, Hircano e Aristóbulo, lutavam pelo trono vago por sua morte. Os romanos preferiram Hircano, e Pompeu, general romano, tomou Jerusalém de Aristóbulo.

Os cercos, as batalhas, os homicídios e os massacres que se seguiram marcam um período de turbulência na história judaica. Embora presenteados com a oportunidade de restaurar Israel e uma posição de grande poder e influência, desperdiçaram-na com lutas entre famílias.

A Dominação Romana (37 a.C. até o período do Novo Testamento, Pompeu, Crasso e Júlio César reinaram sobre Roma como o primeiro triunvirato, mas Júlio César logo se tornou o governador único. Ele recolocou Hircano no trono em Jerusalém e nomeou a Antípatro, cidadão da Iduméia, como procurador sob as ordens de Hircano. Os dois filhos de Antípatro, Faselo e Herodes tornaram-se governadores da Judéia e da Galiléia. No ano seguinte Antípatro foi envenenado; três anos mais tarde Júlio César foi assassinado em Roma.

Um novo triunvirato - Otávio (sobrinho de César), Marco Antonio e Lépido - passou a governar Roma. Antonio governava a Síria e o Oriente. Favoreceu a Herodes, e esta amizade levou essa família edomita à ascensão ao poder. Herodes casou-se com Mariana, neta de Hircano, e tornou-se parte da família macabéia.

Mais ou menos por esse tempo surgiu um novo distúrbio no país. Antígono, filho de Aristóbulo, conquistou sucesso passageiro ao cortar as orelhas de Hircano, o sumo sacerdote, impossibilitando-o de exercer o ofício. Na luta seguinte Herodes foi pressionado por Antígono, e teve de fugir para a fortaleza chamada Masada em busca de segurança. Depois ele foi a Roma, descreveu aos romanos a desordem dominante, e foi nomeado rei. Antígono foi morto, e isso acabou para sempre com o governo dos macabeus ou asmoneus.

Pouco tempo depois do suicídio de Antonio no Egito, Herodes estendeu seu poder na Judéia. Vivia sob o pavor de que um descendente dos macabeus subisse em poder para tomar-lhe o trono. Tendo Aristóbulo, irmão de Mariana, sido nomeado sumo sacerdote, sua popularidade fez com que Herodes mandasse afogá-lo. Mariana ficou enfurecida, e Herodes mandou executá-la. Nos anos seguintes ele tornou-se cada vez mais vingativo, e seus atos sangrentos provocaram a ira dos judeus.

Para acalmar a hostilidade dos Judeus, ele deu início a um programa de obras públicas. Seu principal empreendimento foi a reconstrução do templo.

Mas com isso não terminaram os problemas de Herodes, nem os da nação. Ele estava cercado por um grupo de homens que exploravam sua paranóia. Seus dois filhos, à semelhança de sua mãe Mariana, vítima da ira paterna, foram estrangulados. Em certa ocasião um grande número de fariseus tiveram o mesmo destino. Outros atos igualmente sangrentos continuaram durante o seu reinado. Perto do fim da vida, esse governante dominado pelo medo ordenou o massacre dos infantes em Belém quando nasceu Jesus, o rival Rei dos judeus.

Fonte: O Mundo do Novo Testamento - Editora Vida
                         DE CIRO AOS MACABEUS


O FIM DO IMPÉRIO BABILÔNICO
Na noite de 05 de outubro de 539 a.C., Belsazar, rei da Babilônia deu um banquete para mil dos seus nobres. Nesta festa as bebidas e comidas foram servidas nos utensílios sagrados, trazidos por Nabucodonosor do templo do Senhor em Jerusalém. Durante o banquete, conforme relatado no capitulo 5 do livro de Daniel, apareceu uma mão misteriosa escrevendo na parede. O rei convocou todos os astrólogos e adivinhos, considerados os sábios da Babilônia. Mas só Daniel, servo do Deus Altíssimo conseguiu interpretar o que foi escrito. Era uma mensagem de Deus, avisando que o poder babilônico estava encerrando. Naquela mesma noite a cidade da Babilônia, que era considerada uma fortaleza inexpugnável foi invadida pelos medos sob o comando de Dario que após a execução de Belsazar foi nomeado co-regente da Babilônia por Ciro, rei do império Medo Persa.
Esta invasão foi algo extraordinário e inexplicável, pois por um erro de alguém uma das portas da muralha ficou aberta, permitindo a entrada dos inimigos, enquanto o rei se preocupava com o banquete e a escrita misteriosa na parede.
Após a conquista, Ciro emite um decreto autorizando os povos que se encontravam cativos na Babilônia a voltarem para sua terra de origem, beneficiando os judeus.
Depois do decreto uma primeira turma de judeus retorna a Jerusalém em 538 a.C., quase setenta anos depois da deportação que tinha se iniciado em 605 a.C., cumprindo-se assim a palavra do Senhor por intermédio de Jeremias, de que o cativeiro duraria 70 anos (Jeremias 25:11) “E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos”.
Com as bênçãos de Ciro, e sob o comando de Zorobabel que foi nomeado governador de Judá, eles além de voltarem, tinham ordens e material entregue por Ciro para reedificar o templo, conforme Esdras 1:2-3 “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá. Quem dentre vós é, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém de Judá e edifique a Casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém.
Deus havia falado por intermédio do profeta Isaias, que o libertador dos judeus se chamaria Ciro. Esta profecia foi escrita mais de 140 anos antes do acontecimento: Is 44:28: “Que digo de Ciro: É meu pastor, e realizará tudo que me agrada, dizendo também de Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: sejam lançados os seus alicerces."
O povo judeu foi retornando aos poucos em vários grupos conforme narrado no capitulo 2 do livro de Esdras. Em 458 a.C. já no reinado de Artaxerxes, Esdras foi comandante de uma expedição de Judeus que retornou para Jerusalém e também teve a incumbência de restaurar o culto ao Senhor. Ele convocou o povo a se voltar para o Deus de seus pais Abraão, Isaque e Jacó.
Em 445 a.C., vem para Jerusalém Neemias, para iniciar a reconstrução dos muros, e passa a governar a cidade sob as ordens do rei persa Artaxerxes, de quem Neemias é copeiro.
Este retorno a Jerusalém não significa que o povo judeu ficou livre, eles continuaram servindo aos persas, mas com direito a permanecerem em sua terra, cultuar seu Deus, e até guardar o ano sabático. Por duzentos anos o povo esteve sob o domínio do governo persa.
SURGE ALEXANDRE O GRANDE
Em 332 a.C. os persas foram vencidos por Alexandre, O Grande, que por conseqüência passou a dominar Israel.
O povo judeu viu surgir uma ameaça inesperada, quando Alexandre passou a trabalhar para a criação de um mundo onde a língua e a cultura grega dominassem. Política seguida por seus sucessores. Esse plano de ação chamado helenização, teve um impacto muito grande entre os judeus que aos poucos foram passando a usar a língua grega.
Com a morte de Alexandre (323 a.C.), o império que este conquistara foi dividido entre seus generais. Os Ptolomeus, no Egito e os Selêucidas, na Síria e na Mesopotâmia. Por mais de um século os generais lutaram entre si pelo controle da Palestina. Quem venceu a luta e passou a dominar Israel foram os Ptolomeus do Egito. O governo Ptolomeu, agiu com brandura sobre o povo Judeu, permitindo que eles fossem governados por seus sumo sacerdotes. Também que eles continuassem suas praticas religiosas, não impedindo a adoração a seu Deus. Mesmo assim, o povo judeu se sentia cada vez mais pressionado a adotar o estilo de vida grego.
Em Alexandria, no Egito, a colônia judaica precisava ajustar-se ao novo ambiente. Para melhor integração, alguns intelectuais judeus tentaram ensinar aos gentios a história dos hebreus. Outros tentaram combinar os ensinos bíblicos com a filosofia grega, um processo que culminou com a interpretação alegórica do Antigo Testamento. Essa interpretação associa as Escrituras significados filosóficos. Durante este período o Pentateuco foi traduzido do hebraico para o grego, sendo concluído no século III a.C. Este trabalho juntamente com a tradução dos outros livros do Antigo Testamento, é chamado de Septuaginta, intitulada assim por causa dos 70 eruditos que de acordo com a tradição, participaram da tradução.
OS SELÊUCIDAS
Um dos generais de Alexandre, Seleuco, governava um império que se estendia da costa oeste da Ásia Menor (Turquia) à Babilônia. A capital do império Selêucida era em Antioquia da Síria, ao norte da Palestina, o que preocupava o governo dos Ptolomeus, devido à proximidade com Jerusalém. Essa preocupação se transformou em realidade em 198 a.C. quando o governador Selêucida Antíoco III conseguiu conquistar e ocupar a Palestina, derrotando os Ptolomeus.
Os primeiros anos do governo Selêucida foram uma continuação da tolerância dos Ptolomeus. O governo de Antíoco IV Epifânio, que reinou de 175 a 164 a.C., mudou essa situação quando tentou consolidar seu império enfraquecido, mediante uma política de helenização radical. Embora um segmento da aristocracia judaica já tivesse adotado costumes gregos, a maioria dos judeus sentia-se ultrajada.
As atrocidades de Antíoco visavam à erradicação da fé judaica. Procurava destruir todos os exemplares da Torá (o Pentateuco), proibiu a observância do sábado, baniu a circuncisão e proibiu o culta a Javé. Exigia oferendas ao deus grego Zeus. Quem infringia estas ordens era condenado à morte. O insulto máximo por ele perpetrado foi ter invadido o Santo dos Santos, para roubar tudo que havia de valor e levantando no templo de Jerusalém, uma estatua de Zeus.
OS MACABEUS
Em Jerusalém, alguns círculos judaicos aparentemente silenciaram, ao menos no primeiro momento. Houve quem aderisse as proibições. Mas, o mesmo não sucedeu no interior. Em uma pequena vila interiorana chamada Modin, na subida das montanhas judaítas, agentes selêucidas se puseram a fazer cumprir os decretos de Antíoco. E foram mortos pela família sacerdotal que por lá vivia. A família tinha em Asmoneu um dos seus ilustres e principais antepassados. Por isso a revolta passou a ser designada por revolta asmonéia (ou dos macabeus). A liderança estava com Matatias, um sacerdote de idade avançada. Ele foi sucedido por Judas Macabeu, seu filho. Os selêucidas continuaram em seus saques, agora em regiões da Mesopotâmia. Não fizeram desde o começo, frente a revolta que rapidamente se alastrava por Judá. Pequenos contingentes de guerrilheiros selêucidas foram sendo destroçados pelos revoltosos, enquanto o governo Selêucida mantinha distância. Antíoco, inclusive morreu no ano de 162 a.C., num dos assaltos a templos da Síria, para pilhagem. O templo de Jerusalém foi reconquistado e purificado, em dezembro de 164.
O irmão de Judas, Jônatas assume o comando da revolta popular, que pouco a pouco, vai criando uma política de estado. Afinal, romanos e egípcios/ptolomeus, amigos entre sí, viam com bons olhos os estragos que os macabeus impuseram aos selêucidas, cujos dias estavam contados. Havia apoio internacional para essa revolta que já não era tão espontânea e nem tão inocente como fora no começo sob o comando de Matatias e Judas. Essa guerra durou 24 anos (166-142 a.C.). Os macabeus venceram e libertaram Judá. Emergia a monarquia, com o filho de Matatias por nome Simão no poder. A partir do governo desse Simão, os macabeus/asmoneus, vão assumindo categorias de opressão ao povo. O movimento de libertação vai enveredando pelo contrário do que eles pregaram, liberdade. Em pouco tempo transformou-se em regime aristocrático, helenístico às vezes parecido com o regime Selêucida. Os judeus ortodoxos que haviam apoiado os Macabeus ficaram decepcionados, isto enfraqueceu o país.
A dinastia Asmoneana terminou em 63 a.C. quando da invasão romana chefiada pelo general Pompeu. Durante a invasão romana os sacerdotes foram massacrados e os lugares santos foram profanados. Na invasão do templo os romanos entraram até o Santo dos Santos. Esse sacrilégio foi algo imperdoável e inesquecível para os judeus. Por isso eles esperavam ansiosamente o prometido Messias. Para tristeza deles surgiram vários falsos messias, os mais conhecidos foram: Judas o Galileu e Teudas. Estas aparições só aumentavam as expectativas do povo sobre o libertador de Israel. para eles o Messias seria um guerreiro, um rei poderoso como Davi.

J. DIAS
www.santovivo.net

Fontes de pesquisa: 
Bíblia de Estudos NVI (Notas) - Editora VidaBreve História de Israel, Milton Schwantes - OIKOS Editora
             CADA PESSOA DA TRINDADE É PLENAMENTE DEUS?


Além das Escrituras demonstrarem que as três pessoas são distintas, o testemunho abundante que elas fornecem é que cada pessoa também é plenamente Deus. Vejamos:
DEUS PAI
Sendo o Eterno um ser infinito, é impossível que qualquer criatura o conheça exatamente como Ele é. No entanto, Ele revelou aquelas perfeições e excelências da sua natureza que considera essenciais para nossa redenção, adoração e comunhão. É nas Escrituras inspiradas que temos a revelação de Deus para nós. O homem não pode extrair o conhecimento de Deus como faz com outros objetos de estudo, mas Deus bondosamente transmite o conhecimento de si ao homem, e este pode apenas aceitá-lo e assimilá-lo.
O cristão aceita a verdade da existência de Deus primeiramente pela fé. Esta fé não é cega, mas baseada em provas, e estas se acham, primariamente nas Escrituras como a Palavra de Deus inspirada e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Ela não somente descreve a Deus como criador de todas as coisas, mas também sustentador de todas elas. Ele revelou gradativamente seu grandioso propósito de redenção através da escolha e direção do povo de Israel na antiga aliança, registrada no Antigo Testamento, e de sua culminação final na pessoa e obra de Cristo, consumada no Novo Testamento. Em quase todas as páginas das Escrituras Sagradas Deus se revela em atos e palavras, sendo que esta revelação constitui para todos os cristãos a base da crença na existência de Deus, tornando a fé inteiramente razoável.
O finito não pode compreender o infinito. Só conhecemos a Deus na medida que Ele entra em relação conosco. Deus entrou na relação conosco em suas revelações de si próprio e, principalmente em Jesus Cristo.
Os incrédulos rejeitam, sem pensar, qualquer possibilidade de haver revelação divina, pois o descrente rejeita a Bíblia como revelação divina e, por conseguinte, não aceita aquilo que ela revela e se recusa a crer no Deus da Bíblia. Sendo seres finitos e Deus infinito, não podemos conhecê-lo, a menos que Ele se revele a nós, ou seja, a menos que Ele se manifeste aos seres humanos de tal forma que estes possam conhecê-lo a ter comunhão com Ele.
Desde o inicio dos tempos o homem tem procurado descrever ou retratar Deus por meio de figuras, da pintura e da palavra descritiva, mas sempre tem falhado, ficando distante de seu alvo. Todavia, Deus nos revelou o necessário de sua natureza essencial para podermos servi-lo e adorá-lo. Sem a revelação o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. E, mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Ele que se descerra aos olhos da fé. Contudo, pela aplicação da razão humana santificada pelo estudo da Palavra, o homem pode, sob a direção do Espírito Santo, obter um sempre crescente conhecimento de Deus.
Por fim concluímos com as preciosas e precisas palavras do professor Israel Januário da Fonseca: “Ressaltamos que o homem não foi feito à imagem de Deus, em aspecto físico, e sim em caráter e personalidade, capaz de se emocionar, se entristecer, raciocinar, exercer inteligência etc., o que não acontece com o animal irracional, pois tudo quanto faz não o faz por inteligência e sim por instinto. Ainda vale salientar que o que o caracteriza que o homem não foi feito à imagem e semelhança de Deus em aspecto físico é o fato de que a mulher também consequentemente foi feita à imagem e semelhança de Deus.” (Teologia Sistemática – Estudo sobre o homem: Arado, 2006).
DEUS FILHO
Saber quem é Jesus é algo tão importante quanto o que Ele fez. Muitos acreditam que Ele esteve na Terra, fez muitos milagres e muitas outras coisas. A dificuldade para alguns é quem é Cristo? Que tipo de pessoa Ele é? A Bíblia afirma que ela é a autoridade final na determinação de questões doutrinárias (2 Tm 3.16-17). A Palavra de Deus não permite novos ensinamentos que possam alterar seu conteúdo ou fazer-lhe acréscimos. O apóstolo Paulo disse: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema” (Gl 1.8). Ao considerar a divindade de Cristo, a questão não reside em “se é fácil crer nessa divindade, ou mesmo compreendê-la”, mas se ela é ensinada na Palavra de Deus. A Bíblia ensina que Deus não pode ser compreendido pela mente humana (Jó 11.7; 42.2-6; Sl 145.3; Is 40.13; 55.8-9; Rm 11.33). Sendo assim, devemos permitir que o próprio Deus dê a última palavra a respeito de si mesmo, quer possamos ou não compreendê-la inteiramente. A Bíblia ensina que Jesus é Deus:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.1-3).
Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28).
Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13). 
Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 2.13).
Jesus conferiu para si mesmo os nomes e títulos dados a Deus no Antigo Testamento e também permitiu que os outros assim o chamassem. Quando Jesus reivindicou esses títulos divinos, os principais dos judeus ficaram tão irados que tentaram matá-lo por blasfêmia. Ele reivindicou para si o nome mais respeitado e sagrado pelos judeus, que eles nem tinham coragem de pronunciar: YHWH.
Deus revelou pela primeira vez o significado desse nome ao seu servo Moisés depois deste haver-lhe perguntado por qual nome deveria chamá-lo: “Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”. “EU SOU” não é a tradução de YHWH. Todavia, trata-se de um derivado do verbo “ser” do qual também deriva o nome divino YAHWEH (YHWH) em Êxodo 3.14. Portanto, o título “EU SOU O QUE SOU” indicado por Deus a Moisés é a expressão mais plena de seu ser eterno, abreviado no versículo 15 para o nome divino YHWH. A Septuaginta traduziu o primeiro uso da expressão “EU SOU” em Êxodo 3.14 por ego eimi no grego.
Em várias ocasiões Jesus empregou o termo ego eimi referindo-se a si mesmo, na forma unicamente usada para Deus. Um exemplo está em João 8.57-59: “Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse EU SOU [ego eimi] Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo.” Jesus atribuiu esse título a si mesmo também em outras ocasiões. Neste mesmo capítulo Ele declarou: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). Disse ainda: “Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo” (Jo 8.28). Não resta dúvida quanto a quem os líderes judaicos pensavam que Jesus estava proclamando ser. Fica, portanto, bem claro que, na mente daqueles que ouviram essa afirmação, não havia qualquer dúvida de que Jesus tivesse dito perante eles que Ele era Deus. Essas afirmações foram consideradas blasfêmias pelos líderes religiosos, e resultaram em sua crucificação “porque se fez filho de Deus” (João 19.7).
Diante do exposto, o estudo da pessoa de Cristo se reveste de congruência por causa da revelação vital que Ele sustém com o cristianismo. Concluímos durante esta vida podemos e devemos conhecer Deus até o ponto necessário para a salvação, confraternização, serviço e maturidade, mas na glória do céu passaremos a conhecê-lo mais plenamente. Assim, pois, de forma bem real, o estudo da vida de Jesus Cristo e sua importância é, ao mesmo tempo, uma sondagem na significação da nossa existência e uma previsão de nosso destino. Por certo todos nós deveríamos nos interessar nessa inquirição.
DEUS ESPÍRITO SANTO
As Escrituras comprovam que o Espírito Santo é Deus, o Deus verdadeiro, co-igual e co-eterno com o Pai e o Filho, a terceira pessoa da Trindade. Que o Espírito Santo execute a vontade do Pai e glorifique o Filho, sem falar de si mesmo, não é indicação de inferioridade, demonstrando simplesmente a operação interior do Deus trino. Entre os homens, a subordinação denotaria inferioridade, mas não na Trindade de Deus. Essa é uma parte do mistério incompreensível. Não existem na Trindade três indivíduos, mas três identidades pessoais do Deus único. Quando contemplamos com submissão a Trindade, por parte do Filho e do Espírito Santo, e notamos que isso não constitui inferioridade de posição, podemos compreender melhor, então, porque a submissão dos crentes uns aos outros não os diminui, mas os tornam mais agradáveis ao Senhor. Damos a seguir provas bíblicas da divindade do Espírito Santo.

Ele é chamado do Deus:
Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3-4).

Fica claro que o que é feito ao Espírito Santo é considerado como feito a Deus.

Ele é Onisciente:
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26).

É Onipresente:
Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face?” (Sl 139.7).

É Onipotente:
Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo” (Rm 15.19).

É Eterno:
Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.14).

É Criador:
O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida” (Jó 33.4).

Há certos atributos que pertencem somente a Deus. Esses atributos divinos são conferidos também ao Espírito Santo. Como Deus Pai e Deus Filho, o Espírito Santo é membro da divindade. Historicamente os arianos, sabelianos e socianos consideravam o Espírito Santo como uma força que vem do Deus eterno, mas esses grupos sempre foram condenados pela Igreja Primitiva. Os Unicistas, os modernistas e todos os sabelianos modernos rejeitam a personalidade do Espírito Santo.

É vital para a fé de todo crente estudar o que ensina a Bíblia sobre o Espírito Santo e as sua obras, conforme revelado nas Escrituras e experimentado na vida da Igreja hoje. A questão não é, portanto, saber como podemos possuir mais do Espírito Santo para fazermos o nosso trabalho, mas, ao contrário, como o Espírito Santo pode possuir mais de nós para realizar a sua obra de transformação do mundo.

FONTES
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Ed. Vida
Fundamentos da Teologia Pentecostal – Ed. Quadrangular
Módulo de Teologia – Ed. Betesda



                         A DOUTRINA DA PREDESTINAÇÃO


A doutrina da predestinação é uma das mais controvertidas de toda a teologia. Através de séculos ela vem dividindo os cristãos em vários campos. Alguns livros sobre teologia sistemática nem sequer ensinam este assunto, para evitar entrar nessa controvérsia. Neste artigo não temos a pretensão de resolver essa questão, mas sim, trazer ao debate mais subsídios para o entendimento dessa doutrina.
A PREDESTINAÇÃO FOI DESENVOLVIDA POR AGOSTINHO
A doutrina da predestinação foi desenvolvida por Agostinho, principalmente como uma doutrina em que todos os acontecimentos eram carregados de um sentido preciso, como deliberados atos divin

os de misericórdia para com os eleitos, e de julgamento para os amaldiçoados. Agostinho afirmou que essa doutrina sempre fora proclamada na Igreja.
A tensão entre a livre eleição de Deus e a resposta humana genuína está presente já no Novo Testamento. Entretanto, Agostinho, em sua luta clássica com Pelágio, foi quem primeiramente desenvolveu uma doutrina da predestinação.

Para Pelágio, a salvação era uma recompensa, o resultado das boas obras livremente realizadas pelos humanos. A graça estava dentro da própria natureza humana. Em outras palavras, a graça era simplesmente a capacidade natural que todos os seres humanos possuem de fazer a coisa certa, de obedecer os mandamentos e assim obter a salvação. Agostinho, por outro lado, via um grande abismo entre a natureza, em seu estado caído e a graça. Agostinho entendia a salvação como a livre e surpreendente dádiva de Deus ao homem. Se, entretanto a fonte de nossa conversão a Cristo reside não em nós mesmos, mas somente na vontade de Deus, porque alguns reagem positivamente ao evangelho, enquanto outros o desprezam? Essa pergunta levou Agostinho à discussão paulina da eleição, exposta em Romanos 9 a 11. Aqui ele encontra a base para sua própria doutrina da predestinação: da massa da humanidade decaída, Deus escolhe alguns para a vida eterna e omite outros que estão, assim, destinados à destruição, e tal decisão é feita independente de obras ou méritos humanos.
A PREDESTINAÇÃO NA VISÃO DE CALVINO
A palavra predestinação, em sua forma nominal, foi usada pela primeira vez por Calvino somente nas Institutas de 1539. Certamente, ele não decidiu organizar seu programa teológico inteiro em torno dessa idéia. Num exame mais aprofundado, fica-se impressionado com a falta de originalidade da doutrina da eleição apresentada por Calvino. Seu ensino acerca desse tópico é basicamente idêntico ao que foi apresentado por Lutero e Zuínglio. Como Lutero e Zuínglio, Calvino frequentemente recorria a Agostinho, e tinha afinidade com a tradição agostiniana da Idade Média, da qual fazem parte teólogos como Tomás de Aquino (em seus últimos escritos), Gregório de Rimino e Thomás Bradwardine.

Calvino introduziu isso como um problema ocasionado na pregação do evangelho, quando perguntou: porque quando o evangelho é proclamado, alguns atendem e outros não?

Podemos resumir a doutrina da predestinação exposta por Calvino em três palavras: absoluta, particular e dupla.

Absoluta: a predestinação é absoluta no sentido de que não está condicionada a nenhuma contingência finita, mas baseia-se somente na vontade imutável de Deus.

Particular: a predestinação é particular no sentido de que pertence a indivíduos, e não a grupos de pessoas. Obviamente Calvino estava consciente de que Deus elegeu Israel como seu povo especial da aliança. Contudo nem todo membro individual da nação estava eleito para a salvação, como Paulo ressaltou na carta aos Romanos, capítulo 9. A aliança da graça aplica-se a cada pessoa individualmente. Com respeito a expiação, isso significa que Cristo não morreu por todas as pessoas, mas apenas pelos eleitos.

Dupla: a predestinação é dupla, isto é, Deus para louvor de sua misericórdia, elegeu alguns indivíduos para a vida eterna, e para louvor de sua justiça, enviou outros para a condenação eterna.

O EXTREMISMO DA PREDESTINAÇÃO
A doutrina da predestinação tem sido apresentada de maneira tão extremista que faz parecer que os eleitos serão inevitavelmente salvos, sem levar em conta sua resposta a pregação do evangelho e seu estilo de vida. Por outro lado, os escolhidos para se perderem, padecerão eternamente, não sendo levado em conta qualquer empenho em aproximar-se de Deus mediante a fé em Cristo.

Esta posição radical baseia-se nas doutrinas chamadas de eleição incondicional e expiação limitada.
- Eleição incondicional: entende que os eleitos são escolhidos completamente em separado de qualquer arrependimento e fé da parte deles;
- Expiação limitada: diz que Cristo não morreu por toda humanidade, mas apenas por aqueles a quem Ele escolheu.

Ela se apoia também no ensino de que a chamada geral de Deus para os homens se entregarem a Cristo não é um “chamado geral”, mas Ele só chama verdadeiramente aqueles a quem elegeu previamente para salvação. 

A ELEIÇÃO É PARA NOSSA REFLEXÃO
Para o cristão o fato da eleição é uma reflexão sobre como em meio à escuridão e morte do pecado a graça de Deus o alcançou e invadiu. Não é um motivo para se gloriar na escolha de alguém, nem para se divertir com o jogo “eu estou dentro e você está fora”. Na verdade essa atitude tem sido por demais associadas aos defensores da doutrina calvinista acerca da eleição. Isso levou à presunção e a um exclusivismo, como no velho hino batista:

Somos os poucos eleitos do Senhor,
Que todos os outros sejam condenados;
Há espaço suficiente para você no inferno,
Não queremos o céu abarrotado!
UM ATO SOBERANO DE DEUS
A eleição é um ato soberano de Deus porque, por ser Deus, Ele não tem de consultar nem pedir opinião de quem quer que seja. Desde que a Escritura ensina que a eleição aconteceu “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4), então, não havia ninguém a quem Deus pudesse consultar. Todos os homens pecaram e são culpados diante de Deus, portanto, Ele não se achava sob qualquer obrigação de salvar ninguém.

A eleição é um ato da graça de Deus, em vista da mesma razão. Toda a humanidade pecou e não merece coisa alguma além da condenação. O homem pecador não pode fazer nada por si mesmo, a fim de ser considerado digno de salvação. Assim sendo, qualquer oferta de vida eterna deve ser pela graça.

A salvação é em Cristo, porque só Ele poderia prover a justiça de que o homem necessitava. Deus não pode escolher o homem em si, de modo que o escolheu em Cristo: “E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou” (Rm 8.28-30).

Devemos distinguir claramente entre a presciência de Deus e a predestinação. Não é certo dizer que Deus previu todas as coisas porque arbitrariamente decidiu fazer no futuro com que elas ocorressem. Deus em sua presciência vê os eventos praticamente com vemos o passado. A presciência não muda a natureza dos eventos futuros, mas, do que o conhecimento posterior pode mudar um fato histórico. Existe uma diferença entre o que Deus determina executar e o que Ele simplesmente permite que aconteça.

Poucos dos que defendem o conceito da “eleição incondicional” ensinariam que Deus é a causa eficiente do pecado. Praticamente todos concordariam em que Deus simplesmente permitiu que o pecado entrasse no universo, e todos admitiriam que Ele previu que entraria antes de ter criado qualquer coisa. Se então, Deus pôde prever que o pecado entraria no universo sem decretar efetivamente que entraria, Ele pode então prever também como os homens agirão sem decretar como eles vão agir?

Efésios 1.3-5 torna bem claro que os crentes são escolhidos em Cristo Jesus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.

Ao escolher os que são seus “em Cristo”, Deus não estava olhando para o homem em si, mas como ele é em Cristo. Os que foram escolhidos são aqueles que estavam em Cristo, pela sua presciência Deus já os viu quando fez a escolha. Os que estão em Cristo são pecadores que creram no sangue redentor de Jesus Cristo, através do qual eles foram unidos a Ele, como membros do seu corpo.

Não existe qualquer virtude nesta fé. Os homens não são salvos por crerem, mas através da crença. Os crentes foram vistos antecipadamente em Cristo quando Ele os escolheu. Como chegaram ali? Através da fé no Filho de Deus. Ele não determinou quem deveria achar-se ali, mas simplesmente os viu em Cristo ao Elegê-los.

A PREDESTINAÇÃO COMO ENSINO BÍBLICO
"Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8.29).

A Bíblia não ensina seleção, mas eleição. Em ponto algum a Bíblia ensina que alguns são predestinados à condenação. Isto seria desnecessário, desde que todos são pecadores e estão a caminho da condenação eterna. Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais... estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.1-3, 12).

Não é a falta da eleição do homem que o leva a perdição eterna; é o seu pecado e falta de aceitar Jesus Cristo, como único e suficiente Salvador. Todo homem é livre para aceitar Cristo como seu Salvador pessoal ou não, caso assim o deseje. Ele não é apenas convidado, mas instado a isso. Cristo Fez toda sorte de provisões para ele. “vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2.9). “Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam” (At 17.30).

Muitos dos problemas surgidos na Igreja sobre essa doutrina da eleição foram causados porque alguns à aplicaram aos não salvos. Ela é verdadeira para quem já se encontra em Cristo. Reconhece-se que a epístola de Paulo aos Romanos é a exposição mais ordenada do plano de salvação que temos na Bíblia. Deve-se notar que o apóstolo não trata do assunto da eleição até ultrapassar o capítulo 8, que conclui com a verdade de que não há separação em Cristo.

UMA VEZ SALVO, SALVO PARA SEMPRE
Dessa doutrina da predestinação, segue-se o ensino de “uma vez salvo, salvo para sempre”, porque, se Deus predestinou um homem para a salvação, e este pode unicamente ser salvo pela graça de Deus, que é irresistível, então o salvo nunca pode perder-se.

A OPINIÃO DE JOÃO WESLEY
Na doutrina da predestinação há três pontos em debate:
1) Eleição incondicional;
2) Graça irresistível; e
3) Perseverança final.

Em relação ao primeiro item, eleição incondicional creio:
Que Deus, antes da fundação do mundo, realmente elegeu algumas pessoas para o desempenho de algumas obras, como Paulo para pregar o evangelho; que ele elegeu incondicionalmente algumas nações para receber privilégios específicos, em particular a nação dos judeus; que ele elegeu incondicionalmente algumas nações e pessoas para muitas determinadas vantagens, em relação tanto às questões temporais quanto às espirituais.

E realmente não nego (embora não tenha como provar): que Ele elegeu incondicionalmente algumas pessoas para a glória eterna. Contudo não posso crer: que todos os que não foram eleitos para a glória eterna têm de perecer para toda eternidade; ou que haja uma alma sequer na terra que jamais tenha tido a possibilidade de escapar à condenação eterna.

Com relação ao segundo ponto, a graça irresistível, eu creio:
Que a graça que traz a fé e, portanto, a salvação, é irresistível naquele momento particular; que a maioria dos crentes pode se lembrar de alguns momentos em que Deus, de forma irresistível, os convenceu do pecado; que a maioria dos crentes realmente descobre, em outros momentos, que Deus está agindo, de forma irresistível, em sua alma. Contudo eu creio que pode ter havido e houve resistência à graça de Deus, tanto antes quanto depois desses momentos; e que, de modo geral, a graça não age de forma irresistível, mas que podemos, assim aquiescer a ela ou não.

E eu não nego: que em algumas pessoas a graça de Deus é, até o momento, irresistível e que não podem fazer nada, a não ser crer e, por fim ser salvas.

Contudo não posso crer: que todos em quem a graça não trabalhou de forma irresistível devem ser condenados; ou que haja uma pessoa sequer na terra que não tenha nenhuma outra graça, e jamais a tenha tido, e isso aumente sua condenação, e que isso acontece por desígnio de Deus.

Em relação ao terceiro ponto, a perseverança final, inclino-me a crer:
Que há um estado possível de alegria da salvação à ser alcançado nesta vida e do qual um homem não pode cair; e que quem alcançou esse estado pode dizer: “As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!”.


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