DE CIRO AOS MACABEUS
O FIM DO IMPÉRIO BABILÔNICO
Na noite de 05 de outubro de 539 a.C., Belsazar, rei da Babilônia deu um banquete para mil dos seus nobres. Nesta festa as bebidas e comidas foram servidas nos utensílios sagrados, trazidos por Nabucodonosor do templo do Senhor em Jerusalém. Durante o banquete, conforme relatado no capitulo 5 do livro de Daniel, apareceu uma mão misteriosa escrevendo na parede. O rei convocou todos os astrólogos e adivinhos, considerados os sábios da Babilônia. Mas só Daniel, servo do Deus Altíssimo conseguiu interpretar o que foi escrito. Era uma mensagem de Deus, avisando que o poder babilônico estava encerrando. Naquela mesma noite a cidade da Babilônia, que era considerada uma fortaleza inexpugnável foi invadida pelos medos sob o comando de Dario que após a execução de Belsazar foi nomeado co-regente da Babilônia por Ciro, rei do império Medo Persa.
Esta invasão foi algo extraordinário e inexplicável, pois por um erro de alguém uma das portas da muralha ficou aberta, permitindo a entrada dos inimigos, enquanto o rei se preocupava com o banquete e a escrita misteriosa na parede.
Após a conquista, Ciro emite um decreto autorizando os povos que se encontravam cativos na Babilônia a voltarem para sua terra de origem, beneficiando os judeus.
Depois do decreto uma primeira turma de judeus retorna a Jerusalém em 538 a.C., quase setenta anos depois da deportação que tinha se iniciado em 605 a.C., cumprindo-se assim a palavra do Senhor por intermédio de Jeremias, de que o cativeiro duraria 70 anos (Jeremias 25:11) “E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos”.
Com as bênçãos de Ciro, e sob o comando de Zorobabel que foi nomeado governador de Judá, eles além de voltarem, tinham ordens e material entregue por Ciro para reedificar o templo, conforme Esdras 1:2-3 “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá. Quem dentre vós é, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém de Judá e edifique a Casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém”.
Deus havia falado por intermédio do profeta Isaias, que o libertador dos judeus se chamaria Ciro. Esta profecia foi escrita mais de 140 anos antes do acontecimento: Is 44:28: “Que digo de Ciro: É meu pastor, e realizará tudo que me agrada, dizendo também de Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: sejam lançados os seus alicerces."
O povo judeu foi retornando aos poucos em vários grupos conforme narrado no capitulo 2 do livro de Esdras. Em 458 a.C. já no reinado de Artaxerxes, Esdras foi comandante de uma expedição de Judeus que retornou para Jerusalém e também teve a incumbência de restaurar o culto ao Senhor. Ele convocou o povo a se voltar para o Deus de seus pais Abraão, Isaque e Jacó.
Em 445 a.C., vem para Jerusalém Neemias, para iniciar a reconstrução dos muros, e passa a governar a cidade sob as ordens do rei persa Artaxerxes, de quem Neemias é copeiro.
Este retorno a Jerusalém não significa que o povo judeu ficou livre, eles continuaram servindo aos persas, mas com direito a permanecerem em sua terra, cultuar seu Deus, e até guardar o ano sabático. Por duzentos anos o povo esteve sob o domínio do governo persa.
SURGE ALEXANDRE O GRANDE
Em 332 a.C. os persas foram vencidos por Alexandre, O Grande, que por conseqüência passou a dominar Israel.
O povo judeu viu surgir uma ameaça inesperada, quando Alexandre passou a trabalhar para a criação de um mundo onde a língua e a cultura grega dominassem. Política seguida por seus sucessores. Esse plano de ação chamado helenização, teve um impacto muito grande entre os judeus que aos poucos foram passando a usar a língua grega.
Com a morte de Alexandre (323 a.C.), o império que este conquistara foi dividido entre seus generais. Os Ptolomeus, no Egito e os Selêucidas, na Síria e na Mesopotâmia. Por mais de um século os generais lutaram entre si pelo controle da Palestina. Quem venceu a luta e passou a dominar Israel foram os Ptolomeus do Egito. O governo Ptolomeu, agiu com brandura sobre o povo Judeu, permitindo que eles fossem governados por seus sumo sacerdotes. Também que eles continuassem suas praticas religiosas, não impedindo a adoração a seu Deus. Mesmo assim, o povo judeu se sentia cada vez mais pressionado a adotar o estilo de vida grego.
Em Alexandria, no Egito, a colônia judaica precisava ajustar-se ao novo ambiente. Para melhor integração, alguns intelectuais judeus tentaram ensinar aos gentios a história dos hebreus. Outros tentaram combinar os ensinos bíblicos com a filosofia grega, um processo que culminou com a interpretação alegórica do Antigo Testamento. Essa interpretação associa as Escrituras significados filosóficos. Durante este período o Pentateuco foi traduzido do hebraico para o grego, sendo concluído no século III a.C. Este trabalho juntamente com a tradução dos outros livros do Antigo Testamento, é chamado de Septuaginta, intitulada assim por causa dos 70 eruditos que de acordo com a tradição, participaram da tradução.
OS SELÊUCIDAS
Um dos generais de Alexandre, Seleuco, governava um império que se estendia da costa oeste da Ásia Menor (Turquia) à Babilônia. A capital do império Selêucida era em Antioquia da Síria, ao norte da Palestina, o que preocupava o governo dos Ptolomeus, devido à proximidade com Jerusalém. Essa preocupação se transformou em realidade em 198 a.C. quando o governador Selêucida Antíoco III conseguiu conquistar e ocupar a Palestina, derrotando os Ptolomeus.
Os primeiros anos do governo Selêucida foram uma continuação da tolerância dos Ptolomeus. O governo de Antíoco IV Epifânio, que reinou de 175 a 164 a.C., mudou essa situação quando tentou consolidar seu império enfraquecido, mediante uma política de helenização radical. Embora um segmento da aristocracia judaica já tivesse adotado costumes gregos, a maioria dos judeus sentia-se ultrajada.
As atrocidades de Antíoco visavam à erradicação da fé judaica. Procurava destruir todos os exemplares da Torá (o Pentateuco), proibiu a observância do sábado, baniu a circuncisão e proibiu o culta a Javé. Exigia oferendas ao deus grego Zeus. Quem infringia estas ordens era condenado à morte. O insulto máximo por ele perpetrado foi ter invadido o Santo dos Santos, para roubar tudo que havia de valor e levantando no templo de Jerusalém, uma estatua de Zeus.
OS MACABEUS
Em Jerusalém, alguns círculos judaicos aparentemente silenciaram, ao menos no primeiro momento. Houve quem aderisse as proibições. Mas, o mesmo não sucedeu no interior. Em uma pequena vila interiorana chamada Modin, na subida das montanhas judaítas, agentes selêucidas se puseram a fazer cumprir os decretos de Antíoco. E foram mortos pela família sacerdotal que por lá vivia. A família tinha em Asmoneu um dos seus ilustres e principais antepassados. Por isso a revolta passou a ser designada por revolta asmonéia (ou dos macabeus). A liderança estava com Matatias, um sacerdote de idade avançada. Ele foi sucedido por Judas Macabeu, seu filho. Os selêucidas continuaram em seus saques, agora em regiões da Mesopotâmia. Não fizeram desde o começo, frente a revolta que rapidamente se alastrava por Judá. Pequenos contingentes de guerrilheiros selêucidas foram sendo destroçados pelos revoltosos, enquanto o governo Selêucida mantinha distância. Antíoco, inclusive morreu no ano de 162 a.C., num dos assaltos a templos da Síria, para pilhagem. O templo de Jerusalém foi reconquistado e purificado, em dezembro de 164.
O irmão de Judas, Jônatas assume o comando da revolta popular, que pouco a pouco, vai criando uma política de estado. Afinal, romanos e egípcios/ptolomeus, amigos entre sí, viam com bons olhos os estragos que os macabeus impuseram aos selêucidas, cujos dias estavam contados. Havia apoio internacional para essa revolta que já não era tão espontânea e nem tão inocente como fora no começo sob o comando de Matatias e Judas. Essa guerra durou 24 anos (166-142 a.C.). Os macabeus venceram e libertaram Judá. Emergia a monarquia, com o filho de Matatias por nome Simão no poder. A partir do governo desse Simão, os macabeus/asmoneus, vão assumindo categorias de opressão ao povo. O movimento de libertação vai enveredando pelo contrário do que eles pregaram, liberdade. Em pouco tempo transformou-se em regime aristocrático, helenístico às vezes parecido com o regime Selêucida. Os judeus ortodoxos que haviam apoiado os Macabeus ficaram decepcionados, isto enfraqueceu o país.
A dinastia Asmoneana terminou em 63 a.C. quando da invasão romana chefiada pelo general Pompeu. Durante a invasão romana os sacerdotes foram massacrados e os lugares santos foram profanados. Na invasão do templo os romanos entraram até o Santo dos Santos. Esse sacrilégio foi algo imperdoável e inesquecível para os judeus. Por isso eles esperavam ansiosamente o prometido Messias. Para tristeza deles surgiram vários falsos messias, os mais conhecidos foram: Judas o Galileu e Teudas. Estas aparições só aumentavam as expectativas do povo sobre o libertador de Israel. para eles o Messias seria um guerreiro, um rei poderoso como Davi.
J. DIAS
www.santovivo.net
Fontes de pesquisa:
Bíblia de Estudos NVI (Notas) - Editora VidaBreve História de Israel, Milton Schwantes - OIKOS Editora
J. DIAS
www.santovivo.net
Fontes de pesquisa:
Bíblia de Estudos NVI (Notas) - Editora VidaBreve História de Israel, Milton Schwantes - OIKOS Editora
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