CADA PESSOA DA TRINDADE É PLENAMENTE DEUS?
Além das Escrituras demonstrarem que as três pessoas são distintas, o testemunho abundante que elas fornecem é que cada pessoa também é plenamente Deus. Vejamos:
DEUS PAI
Sendo o Eterno um ser infinito, é impossível que qualquer criatura o conheça exatamente como Ele é. No entanto, Ele revelou aquelas perfeições e excelências da sua natureza que considera essenciais para nossa redenção, adoração e comunhão. É nas Escrituras inspiradas que temos a revelação de Deus para nós. O homem não pode extrair o conhecimento de Deus como faz com outros objetos de estudo, mas Deus bondosamente transmite o conhecimento de si ao homem, e este pode apenas aceitá-lo e assimilá-lo.
O cristão aceita a verdade da existência de Deus primeiramente pela fé. Esta fé não é cega, mas baseada em provas, e estas se acham, primariamente nas Escrituras como a Palavra de Deus inspirada e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Ela não somente descreve a Deus como criador de todas as coisas, mas também sustentador de todas elas. Ele revelou gradativamente seu grandioso propósito de redenção através da escolha e direção do povo de Israel na antiga aliança, registrada no Antigo Testamento, e de sua culminação final na pessoa e obra de Cristo, consumada no Novo Testamento. Em quase todas as páginas das Escrituras Sagradas Deus se revela em atos e palavras, sendo que esta revelação constitui para todos os cristãos a base da crença na existência de Deus, tornando a fé inteiramente razoável.
O finito não pode compreender o infinito. Só conhecemos a Deus na medida que Ele entra em relação conosco. Deus entrou na relação conosco em suas revelações de si próprio e, principalmente em Jesus Cristo.
Os incrédulos rejeitam, sem pensar, qualquer possibilidade de haver revelação divina, pois o descrente rejeita a Bíblia como revelação divina e, por conseguinte, não aceita aquilo que ela revela e se recusa a crer no Deus da Bíblia. Sendo seres finitos e Deus infinito, não podemos conhecê-lo, a menos que Ele se revele a nós, ou seja, a menos que Ele se manifeste aos seres humanos de tal forma que estes possam conhecê-lo a ter comunhão com Ele.
Desde o inicio dos tempos o homem tem procurado descrever ou retratar Deus por meio de figuras, da pintura e da palavra descritiva, mas sempre tem falhado, ficando distante de seu alvo. Todavia, Deus nos revelou o necessário de sua natureza essencial para podermos servi-lo e adorá-lo. Sem a revelação o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. E, mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Ele que se descerra aos olhos da fé. Contudo, pela aplicação da razão humana santificada pelo estudo da Palavra, o homem pode, sob a direção do Espírito Santo, obter um sempre crescente conhecimento de Deus.
Por fim concluímos com as preciosas e precisas palavras do professor Israel Januário da Fonseca: “Ressaltamos que o homem não foi feito à imagem de Deus, em aspecto físico, e sim em caráter e personalidade, capaz de se emocionar, se entristecer, raciocinar, exercer inteligência etc., o que não acontece com o animal irracional, pois tudo quanto faz não o faz por inteligência e sim por instinto. Ainda vale salientar que o que o caracteriza que o homem não foi feito à imagem e semelhança de Deus em aspecto físico é o fato de que a mulher também consequentemente foi feita à imagem e semelhança de Deus.” (Teologia Sistemática – Estudo sobre o homem: Arado, 2006).
DEUS FILHO
Saber quem é Jesus é algo tão importante quanto o que Ele fez. Muitos acreditam que Ele esteve na Terra, fez muitos milagres e muitas outras coisas. A dificuldade para alguns é quem é Cristo? Que tipo de pessoa Ele é? A Bíblia afirma que ela é a autoridade final na determinação de questões doutrinárias (2 Tm 3.16-17). A Palavra de Deus não permite novos ensinamentos que possam alterar seu conteúdo ou fazer-lhe acréscimos. O apóstolo Paulo disse: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema” (Gl 1.8). Ao considerar a divindade de Cristo, a questão não reside em “se é fácil crer nessa divindade, ou mesmo compreendê-la”, mas se ela é ensinada na Palavra de Deus. A Bíblia ensina que Deus não pode ser compreendido pela mente humana (Jó 11.7; 42.2-6; Sl 145.3; Is 40.13; 55.8-9; Rm 11.33). Sendo assim, devemos permitir que o próprio Deus dê a última palavra a respeito de si mesmo, quer possamos ou não compreendê-la inteiramente. A Bíblia ensina que Jesus é Deus:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.1-3).
“Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28).
“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13).
“Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 2.13).
Jesus conferiu para si mesmo os nomes e títulos dados a Deus no Antigo Testamento e também permitiu que os outros assim o chamassem. Quando Jesus reivindicou esses títulos divinos, os principais dos judeus ficaram tão irados que tentaram matá-lo por blasfêmia. Ele reivindicou para si o nome mais respeitado e sagrado pelos judeus, que eles nem tinham coragem de pronunciar: YHWH.
Deus revelou pela primeira vez o significado desse nome ao seu servo Moisés depois deste haver-lhe perguntado por qual nome deveria chamá-lo: “Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”. “EU SOU” não é a tradução de YHWH. Todavia, trata-se de um derivado do verbo “ser” do qual também deriva o nome divino YAHWEH (YHWH) em Êxodo 3.14. Portanto, o título “EU SOU O QUE SOU” indicado por Deus a Moisés é a expressão mais plena de seu ser eterno, abreviado no versículo 15 para o nome divino YHWH. A Septuaginta traduziu o primeiro uso da expressão “EU SOU” em Êxodo 3.14 por ego eimi no grego.
Em várias ocasiões Jesus empregou o termo ego eimi referindo-se a si mesmo, na forma unicamente usada para Deus. Um exemplo está em João 8.57-59: “Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse EU SOU [ego eimi] Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo.” Jesus atribuiu esse título a si mesmo também em outras ocasiões. Neste mesmo capítulo Ele declarou: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). Disse ainda: “Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo” (Jo 8.28). Não resta dúvida quanto a quem os líderes judaicos pensavam que Jesus estava proclamando ser. Fica, portanto, bem claro que, na mente daqueles que ouviram essa afirmação, não havia qualquer dúvida de que Jesus tivesse dito perante eles que Ele era Deus. Essas afirmações foram consideradas blasfêmias pelos líderes religiosos, e resultaram em sua crucificação “porque se fez filho de Deus” (João 19.7).
Diante do exposto, o estudo da pessoa de Cristo se reveste de congruência por causa da revelação vital que Ele sustém com o cristianismo. Concluímos durante esta vida podemos e devemos conhecer Deus até o ponto necessário para a salvação, confraternização, serviço e maturidade, mas na glória do céu passaremos a conhecê-lo mais plenamente. Assim, pois, de forma bem real, o estudo da vida de Jesus Cristo e sua importância é, ao mesmo tempo, uma sondagem na significação da nossa existência e uma previsão de nosso destino. Por certo todos nós deveríamos nos interessar nessa inquirição.
DEUS ESPÍRITO SANTO
As Escrituras comprovam que o Espírito Santo é Deus, o Deus verdadeiro, co-igual e co-eterno com o Pai e o Filho, a terceira pessoa da Trindade. Que o Espírito Santo execute a vontade do Pai e glorifique o Filho, sem falar de si mesmo, não é indicação de inferioridade, demonstrando simplesmente a operação interior do Deus trino. Entre os homens, a subordinação denotaria inferioridade, mas não na Trindade de Deus. Essa é uma parte do mistério incompreensível. Não existem na Trindade três indivíduos, mas três identidades pessoais do Deus único. Quando contemplamos com submissão a Trindade, por parte do Filho e do Espírito Santo, e notamos que isso não constitui inferioridade de posição, podemos compreender melhor, então, porque a submissão dos crentes uns aos outros não os diminui, mas os tornam mais agradáveis ao Senhor. Damos a seguir provas bíblicas da divindade do Espírito Santo.
Ele é chamado do Deus:
“Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3-4).
Fica claro que o que é feito ao Espírito Santo é considerado como feito a Deus.
Ele é Onisciente:
“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26).
É Onipresente:
“Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face?” (Sl 139.7).
É Onipotente:
“Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo” (Rm 15.19).
É Eterno:
“Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.14).
É Criador:
“O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida” (Jó 33.4).
Há certos atributos que pertencem somente a Deus. Esses atributos divinos são conferidos também ao Espírito Santo. Como Deus Pai e Deus Filho, o Espírito Santo é membro da divindade. Historicamente os arianos, sabelianos e socianos consideravam o Espírito Santo como uma força que vem do Deus eterno, mas esses grupos sempre foram condenados pela Igreja Primitiva. Os Unicistas, os modernistas e todos os sabelianos modernos rejeitam a personalidade do Espírito Santo.
É vital para a fé de todo crente estudar o que ensina a Bíblia sobre o Espírito Santo e as sua obras, conforme revelado nas Escrituras e experimentado na vida da Igreja hoje. A questão não é, portanto, saber como podemos possuir mais do Espírito Santo para fazermos o nosso trabalho, mas, ao contrário, como o Espírito Santo pode possuir mais de nós para realizar a sua obra de transformação do mundo.
FONTES
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Ed. Vida
Fundamentos da Teologia Pentecostal – Ed. Quadrangular
Módulo de Teologia – Ed. Betesda
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